CATIMBÓ EM 22 POESIAS

Amados leitores e leitoras, internautas que visitam este blog, é com imenso prazer que vos escrevo!

Depois de muitos meses em silêncio, retorno a atualizar mensalmente este blog - trazendo-lhes informações diversas sobre cultura indígena, índios e caboclos do Rio Grande do Norte, atividades e estudos relativos ao Catimbó-Jurema e a outras tradições afro-euro-ameríndias (brasileiras).

Planejo para este mês de julho, no mais tardar para agosto, o lançamento de mais um livrinho - desta vez de poesias - intitulado CATIMBÓ EM 22 POESIAS. Há neste trabalho, uma síntese das teorias e rituais que vivenciamos e desenvolvemos desde fevereiro de 2014 no Centro Cultural e Espiritualista Casa Sol Nascente do Rei Malunguinho, no que se refere ao Catimbó-Jurema, assim como minhas visões particulares da espiritualidade de modo geral.

Faltam ainda uma síntese da história dessa Sagrada Tradição de matriz indígena, que abraçou outras espiritualidades que atravessaram o Atlântico e aqui passaram a se manifestar a partir do final do século XV - mas o essencial do trabalho está pronto.

Segue uma das 22 poesias presentes no trabalho:

QUANDO MINHA MORTE CHEGAR

Quando minha morte chegar
amigos protestantes dirão que fui para o inferno;
e os católicos: "Foi para o purgatório, afinal, ele não era tão mal".

Os caboclos dirão que fui plantado
E os índios, que entrei pro Encanto;
Os juremeiros, que voltei à minha cidade
E os feiticeiros jurarão que me mataram!
Os umbandistas: "Foi viver em Aruanda"
E no Candomblé:

Abaluaê o aguarda na Calunga Pequena
De lá, Iansã o levará, em forma de egum
até os pés de Olorum

Os budistas: "Ele está preso à Roda do Samsara"
Os kardecistas: "Terá que reencarnar para pagar o mal que fez"
Os gnósticos: "Foi absorvido no abismo sem fim"
Os maniqueus: "O Deus do Mal o aguarda"
Os judeus: "Silenciou no Xeol"
Os parapsicólogos: "Seu pensamento se tornou ondas de rádio"
Os mazdeístas: "Ahura-Mazda o abençoará com sua Luz"...

E tantos outros dirão
Firmes em seus saberes
E ainda outros dirão
Parecendo adivinhar

Mas após a morte
em que lugar a minha alma irá repousar?
Será que irei descansar
sofrer
ou continuar a trabalhar?
Haverá felicidade naquele lugar?
Com que realidade irei me deparar?

Depois da morte
creio que finalmente terei certeza
de que não existe morte

Quem sabe serei a Fumaça
Que sobe ao Céu e desce à Terra
Em um raio de Sol -
- da Casa dos Ancestrais Guerreiros -
Para varrer o terreiro...

Grande abraço para todos e todas!



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